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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A nudez desde os tempos antigos até às culturas modernas (Parte 1)

Aileen Goodson

(Este capítulo é um excerto do livro de Aileen Goodson - Therapy, Nudity & Joy)

A Nudez nos Tempos Primitivos

Muitos de nós podem desconhecer que a nudez é uma condição normal que prevaleceu durante a maior parte da existência da humanidade. Qualquer coisa desde a completa nudez até ao cobrir casual do corpo foi uma componente marcante do estilo de vida existente desde os tempos pré-históricos, através das civilizações greco-romanas e em parte da Idade Média.
 Ainda hoje, em várias áreas remotas de climas mais quentes, persistem sociedades nuas, como tribos primitivas, e que cujos membros não vestem roupas. Estas sociedades salientam, entre outras coisas, a mudança drástica das nossas atitudes para com a nudez e a organização social ao longo da história humana. Infelizmente, as leis puritanas de decência da civilização moderna têm rotulado essas zonas tropicais onde se cultiva a nudez como culturas ofensivas e inferiores. Missionários, colonizadores e comerciantes têm efetivamente forçado os códigos de vestir ocidentais onde as culturas primitivas são encontradas. Devido a estas diligências, estamos agora em condições de viajar por todo o mundo - para ilhas exóticas, juntar-se a safaris Africanos, e explorar selvas da América do Sul - sem ter de enfrentar a "vergonha" de ver a nudez tribal.
Indesculpável, a maneira como a civilização invade muitos destes lugares recônditos, as culturas indígenas são muitas vezes severamente danificadas ou destruídas pelo vírus invasor de uma sociedade tecnologicamente superior. Seduzidos por bugigangas e conveniências modernas, as populações nativas, quase que invariavelmente sucumbem aos costumes, roupas, doenças e problemas de nossa cultura intrusiva.
Em 1988, a edição de 3 de Janeiro do The Los Angeles Times, relatou que os Yanomamis do remoto território de Roraima a norte do Brasil, uma tribo primitiva e nua, estão em perigo de extinção porque o governo descobriu ouro e diamantes nas suas terras. Os Yanomamis são a maior tribo conhecida ainda isolada do mundo exterior: "Os Yanomamis caçam com flechas envenenadas, e muitos usam ferramentas primitivas. Eles evitam as roupas, decoram os seus corpos com corantes de frutas e flores, e vivem sob barracas de enormes palmas em comunidades de 50 pessoas. A população de Roraima é de cerca de 100.000 habitantes. Antropólogos, a Igreja Católica, e grupos de direitos indígenas temem que a aculturação forçada por um ataque do homem branco irá reduzir ainda mais a população Yanomami, em grande parte através de doenças. Devido ao seu isolamento, os índios não têm nenhuma imunidade contra os vírus comuns e podem facilmente morrer de gripe ou de uma constipação. A tribo Tupari do Rio Branco, na selva amazônica no Brasil, fornece outro exemplo do modo de viver nu entre os aborígines. Tibor Sekelj, que viveu com os Tupari, durante quatro meses, escreveu: "Não é à toa que os Tupari nunca tenham criado qualquer tipo de roupa, pois o clima é sempre quente. A sua nudez natural encaixa-se perfeitamente no ambiente que os rodeia e, com excepção de algumas cerimónias ou de decoração corporal, eles nunca pensam em cobrir-se."
Os homens Tupari partem antes do amanhecer para caçar. Os homens e meninos que ficam na vila, trabalham para preparar o terreno para plantar, recolhem lenha ou constroem materiais. Enquanto isso, as mulheres cuidam das crianças, apanham fruta, fiam algodão e descansam na rede. Por volta das três horas da tarde, o dia de trabalho deles termina, homens e mulheres reúnem-se, bebem chica fermentada, fazem arcos, flechas, colares, efeites para a cabeça, e decoram os seus corpos. É uma vida de simplicidade sem pressas.
Notável é que tais cenas idílicas de antigos e talvez tempos pré-históricos ainda co-existem com o nosso estilo de vida modernizado e cheio de stress e com complexas estruturas governamentais.

A Nudez no Antigo Egipto

Um conto antigo e fascinante de adoração do sol e nudez foi desenterrado em 1887, em Tell-el-Amarna, uma pequena aldeia egípcia nas margens do Nilo a cerca de 200 quilómetros a sul do Cairo. Nesse sítio, uma mulher árabe acidentalmente encontrou os arquivos do Faraó Akhen-Aton (1385-1353 A.C.) dentro de invólucros de barro cozido. Soube-se através da tradução subsequente desses arquivos que o jovem Faraó e a sua brilhante e de rara beleza rainha, Nefertiti, consideravam o sol, Aton, a fonte verdadeira da vida e, assim se justificava a prática de nudismo para melhorias físicas e espirituais.
Devido à descoberta desses invólucros e outros artefatos em Tell-el Amarna, a sede do governo do Faraó Akhen-Aton, é agora bem sabido que ele não era apenas um grande reformador religioso e místico, que disputou o panteísmo do sacerdócio tradicional, mas também um poeta de grande sensibilidade. Nas pedras espalhadas, que em tempos formaram a parede original do Templo de Aton, os arqueólogos têm encontrado e decifrado o famoso "Hino a Aton, o deus do sol", uma parte do que aparece nas escrituras hebraicas como Salmo 104 do Antigo Testamento. "Através deste poema", escreve J. Herman em King & Queen of the Sun ", o Faraó revela ser um amante da beleza na natureza, na arte, e no homem".
No entanto, alguns dos arqueólogos que desvendaram a história do Faraó Sol tiveram dificuldade em aceitar o que encontraram e tornaram-se muito críticos em relação a Akhen-Aton e Nefertiti. Educados num ambiente de noções victorianas e puritanas, condenaram estas fascinantes figuras história do Egipto, porque eles descobriram que não só o Faraó e a sua esposa, mas também os seus filhos e funcionários andavam com muito poucas roupas (transparentes e outras peças do género!) ou sem roupas nenhumas, que eles praticavam a nudez no palácio real, nos jardins reais e na píscina, e que eles amavam a beleza física, valorizavam a boa comida e o vinho, o que os levou a uma existência franca e alegre.
A espontaneidade, a liberdade e os valores humanisticos defendidos no estilo de vida deste casal trouxe críticas mordazes e retaliação dos padres conservadores da "velha escola da religião". Após a sua morte Akhen-Aton foi sucedido pelo filho Tutankh-Aton ("King Tut", famoso pelo ouro e jóias fabulosas encontrados no seu túmulo no século XX), e que foi coagido pelos sacerdotes para erradicar as reformas de Akhen-Aton.
"Eles praticavam uma religião e modo de vida nudista que estavam muito à frente do seu tempo", escreve o Dr. deHoratev sobre o Rei Sol e a sua Rainha. "Eles surgiram numa época em que não eram muito bem entendidos" acrescenta, algo desanimado, embora esperançado que as gerações futuras possam ser mais compreensíveis da sua mensagem: "... o nosso tempo dá-lhes um reconhecimento miserável."
Embora seja sabido que Akhen-Aton e Nefertiti não foram primeiros egípcios a apreciarem nus os raios do sol (no século XIV, A.C. uma escultura de um padre sumério nu, é preservada no Museu Britânico, e no século XV, A.C. uma pintura de uma menina egípcia nua a tocar alaúde é encontrada na parede de um tumulo em Tebas), ele e sua sedutora consorte tiveram na realidade os seus "dias ao sol", dando vida a um conceito recém-idealista de comunidade.

Tradução livre casaisnudistas
Via Primitivism

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