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terça-feira, 31 de julho de 2012

Os meus pais são nudistas (ou como eles dizem: Confortabilistas)

Por Kate Messinger 
The Gloss
 

No 6º ano, uma nova amiga veio a minha casa e viu os meus pais a descansarem nus no quintal. Isto foi quando eu descobri que minha família era um pouco diferente da maioria. A minha amiga gritou. Eu pensando que outro coelho tinha caído na piscina, gritei também. A minha mãe com calma, com uma toalha tapou o rabo nu do meu pai (ele estava a dormir, de barriga para baixo, felizmente) e vestiu a sua t-shirt larga de London Calling. Tapou quase tudo.

A minha amiga admitiu que esta fora a primeira vez que vira um homem nu. “Nem mesmo o teu pai?” Perguntei eu. Por momentos até fiquei um pouco orgulhosa; desta vez eu não era a adolescente pudica sem peito em que me estava a tornar. Ela pareceu mais chocada com a minha pergunta do que depois de ver o rabo do meu pai. Ela saiu e eu estava mortificada. Quando pedi à minha mãe para que, da próxima vez que eu trouxesse uma amiga a minha casa, ela usasse roupas, ela recusou: “É a minha casa!” disse ela ao libertar-se da t-shirt. “Eu uso calças quando tu pagares a renda.”

Em casa os meus pais estavam quase sempre nus. Eu já estava habituada porque também andava quase sempre nua. As fotografias mostravam a minha família alegremente a banharem-se nus na nossa banheira de água quente, e o meu irmão gémeo e eu a corrermos nus sobre a areia com os meus pais nus a verem na caravana. Aparentemente, este não era o caso para a maior parte das crianças da minha idade. Aparentemente a maioria das crianças usa roupas enquanto participa em actividades familiares, mesmo na Califórnia. Os meus pais são ambos baby boomers (que nasceram durante a explosão populacional – entre 1945 e 1964). Eles cresceram numa época de pais rigorosos com laços apertados e cintas impiedosas e simpatizam com a Sally Draper, quando todos vemos Mad Men em roupa interior nas visitas domiciliárias. Eles foram adolescentes, queimaram sutiãs, tomaram ácido na lama de Woodstock, tornaram-se hippies e nunca se arrependeram. Eles na realidade conheceram-se nus, durante uma reunião dentro de uma banheira de água quente (outra vez, desta vez na Califórnia). No entanto os meus pais não se consideram nudistas. Eles consideram-se confortabilistas. E isso é o que era crescer com os meus pais: confortável. A nudez dos meus pais nunca foi política, nunca foi algo que fosse forçado a outros, e definitivamente, nunca foi sexual. Eu lembro-me de um dia ao chegar do colégio e apanhar os meus pais a fazerem sexo e eles os dois gritaram e cobriram os seus sexos em estranhas contorções de corpo, como se eu nunca os tivesse visto com algo menor que as camisas de dormir estilo Downton Abbey.

A nudez dos meus pais sempre me pareceu normal, até que atingi o secundário e comecei a ver os corpos, principalmente o meu, como algo embaraçante. Quando entrei na fase inescapável da puberdade de odiar o corpo, eu comecei a usar o maior número de peças de roupa possível. Era estranho, e por vezes doloroso, vir para casa, para duas pessoas que se sentiam tão confortáveis com os seus corpos, enquanto eu só queria escapar ao facto de que existia por baixo do meu top de alças Limited Too. Olhando para os meus pais, pensava muitas vezes se eu alguma vez conseguiria ter esta abertura com alguém ou se alguém alguma vez se sentiria confortável em fazer o mesmo à minha frente.

Lembro-me de um dia chegar a casa a chorar, não muito depois do incidente do pai nu. Tinha havido uma clássica disputa de escola na parte de trás da camioneta escolar – que é o sítio onde todos os miúdos com classe se sentam – e um dos miúdos, o mais pomposo, tenta acabar a disputa declarando: “ Isto só acaba quando a mulher gorda cantar!”. Neste ponto o miúdo pelo qual eu tinha uma paixão responde: “Rápido, Kate, canta.” Contei isto tudo à minha mãe chorando no seu ombro. Após alguns minutos ela deu-me o conselho mais adulto que eu já tinha recebido (pelo menos até àquele momento): “Bem, tu nunca serás magra mas, definitivamente, não és uma mulher gorda. Basta fazeres exercício e não comeres as barras de gelado todas as noites, e ficarás bem.

Sim, este foi o franco conselho para uma criança que o maior problema era ser popular na camioneta escolar, mas a sua abertura em me tratar como um adulto me fez ver situações como esta de uma forma mais lógica. Enquanto eu lutava com os perigos aparentemente intermináveis da imagem corporal adolescente, o conforto despreocupado dos meus pais com seus corpos finalmente incutiu em mim um vislumbre de liberdade no final do túnel da puberdade. Embora o mundo exterior estivesse cheio julgamentos e imagens irreais de como alguém deve ser ou parecer, aqui em casa ninguém dava importância se eu nunca poderia vestir um tamanho menor ou se poderia ter diferentes tamanhos de mamilos, desde que eu tratasse da loiça e tivesse boas notas. Ali estavam duas pessoas que eram saudáveis, confidentes e apaixonadas. Duas pessoas que tinham passado por anos negros numa nudez feliz (talvez mais conforto que felicidade).

Assim, eu, naturalmente atravessei a fase da puberdade mais confiante e com a minha imagem corporal intacta, tanto física como psicológica (como eu espero que muitos consigam) – eu compreendi que, ao ver a capacidade dos meus pais de viverem sem vergonha dos seus corpos, me ajudou a interiorizar um mantra equilibrante: se eles se sentem bem com a sua pele, então eu um dia, eventualmente, também estarei. Quanto mais velha ficava, mais eu compreendia que a vida em minha casa não era estranha por os meus pais não usarem roupas…era estranha pela nossa abertura. A maioria das pessoas que eu conhecia não conseguia conversar com os pais durante o crescimento, como eu conseguia. A maioria dos pais não conseguia dar conselhos tão lógicos e avançados como os meus. Muitos dos meus amigos sentem-se mais à vontade em conversar com os meus pais do que com os deles. Sabem como se costuma dizer que se deve imaginar as pessoas em roupa interior para parecerem mais acessíveis? Eu não tinha que o fazer.

No outro dia o meu namorado chegou a casa com alguns amigos e, antes de abrir a porta, bateu com força e perguntou: “Kate! Estás vestida?” Como é que ele sabia que eu estava a aspirar a casa nua? Será que o bocado de pão que eu ponho a tapar o buraco da fechadura caiu outra vez? Quando tentei apanhar a primeira coisa mais à mão que desse para vestir, eu vislumbrei a minha imagem reflectida no espelho. Aí, eu compreendi como ele sabia que eu estava nua, como sabia que devia bater à porta: ele conhece-me. Depois de vivermos juntos durante um ano, ele sabe que raramente uso roupas em casa. E é assim: como muitas pessoas antes de mim, eu estou lentamente a parecer-me com os meus pais e, embora possa ser um pouco arrepiante, também é muito confortável.


Tradução livre casaisnudistas

1 comentário:

  1. Meus filhos tem orgulho e amam praticar a nudez juntos de nós os seus pais!

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